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INTERPRETAÇÃO DE GÊNESIS 32

Foto do escritor: Beit SêferBeit Sêfer

Atualizado: 21 de dez. de 2024

Por Carlos Alberto Maia Guerra


Este artigo é baseado no gênero literário chamado narrativa do texto em Gênesis 32.22-32, que conta a incrível história que se desenrola com Jacó, após ficar sozinho, ao lutar com um personagem desconhecido, após passar pelo “vau de Jaboque” [1], na véspera do reencontro com o seu irmão Esaú, de quem não tinha contato há mais de vinte anos (Gn 31.20).


Palavras-chaves: Narrativa, história, personagem, faça e não faça.



Sobre o autor


1 INTRODUÇÃO

O artigo tem como objetivo fazer a análise e a interpretação da referida história, apresentando os princípios sobre o método de interpretar uma narrativa. Para tanto farei uma interpretação da história, usando, na sua primeira parte os cinco "Não Faça" da interpretação da narrativa, e na segunda parte apresentarei uma interpretação da história empregando os seis "Faça" da interpretação da narrativa [2]. A minha intenção é explicitar de modo claro na primeira parte a hermenêutica ruim e, na segunda parte, uma boa hermenêutica.

  

2 DESENVOLVIMENTO

Este texto encontra-se no livro de Gênesis, que está dividido em duas partes: a primeira aborda a relação entre Deus e a Sua criação, enquanto a segunda foca no relacionamento de Deus com Abraão e sua família, e em Seu objetivo de abençoar todas as famílias da terra. Nessa segunda parte, a história tem como foco mostrar os erros de Abraão que se repetem entre os seus descendentes, e como Deus em sua infinita graça e misericórdia continua empenhado em abençoar a sua descendência.

 

2.1 PRINCÍPIOS INTERPRETATIVOS DA NARRATIVA BÍBLICA – “NÃO FAÇA”

O Encontro de Jacó com o Anjo destaca a importância que temos de lutar com Deus para buscar a nossa transformação como indivíduos e servos de Deus. A experiência de Jacó também enfatiza a importância da oração persistente. Aprendemos com a oração persistente, pois ela prevalece, pois as nossas maiores conquistas não são conquistadas por nossa capacidade de articular (Gn 32.3-6, 13-22), mas na presença de Deus.

Neste relato, diversas lições são extraídas com a história deste patriarca: a) Devemos evitar o engano, falsidade e toda atitude desonesta diante de Deus; b) Nossas ações e práticas maldosas estão diante do olhar de Deus que tudo vê; e, c) É importante enfrentar o nosso passado, confessar nossos pecados e confiar na graça salvadora de Deus, se quisermos avançar. Além disso, a história de Jacó nos ensina que não basta nascer num lar temente a Deus, mas precisamos servi-lo com integridade. Por isso da mesma forma, mesmo que tenhamos nascido em um lar cristão, precisamos ter um encontro especial com Deus. Este evento nos ensina ainda, assim como aconteceu com Jacó, que precisamos atravessar o nosso rio Jaboque e alcançar a margem do outro lado, pois somente assim nos trará mudança em nossa vida. 

Um dos propósitos deste evento de luta e angústia, vivido por Jacó durante aquela noite, representa a prova final pela qual o povo de Deus deverá passar precisamente antes da segunda vinda de Cristo, para alcançar a promessa.

 

2.2 PRINCÍPIOS INTERPRETATIVOS DA NARRATIVA BÍBLICA – “FAÇA”

Ao analisar a história, observa-se que Jacó está angustiado e temeroso de encontrar seu irmão Esaú (Gn 32.7), quem sabe, tendo em mente o desejo de seu irmão em matá-lo (Gn 27.41-42). Então, ele faz uma oração que lembra a promessa dada a Abraão: “...Certamente te farei bem e farei a tua semente como a areia do mar, que, pela multidão, não se pode contar” (Gn 32.11-12).

Após liberar sua família e ficar só, ele encontra um homem misterioso, onde combate até o amanhecer. Como resultado, Jacó passa a mancar, marca que ele vai carregar por toda a sua vida, lembrando a transformação do seu caráter e da sua real dependência de Deus. Em seguida pede uma benção, é nesse momento que seu rival pergunta: “Qual o teu nome?” E ele diz: Jacó (Gn 32.27), que significa enganador (Gn 27.36). Aqui diferentemente de quando mentiu para o seu pai para receber a benção da primogenitura dizendo que se chamava Esaú (Gn 27.18-19), agora sem se deixar levar pela desonestidade, fala quem é de fato e tem o nome mudado para Israel (Gn. 32:28), sua maneira de agir e reagir mudam e tem transformado o seu caráter.

Ao longo da narrativa fica claro que o objetivo dessa história é que Jacó receba a benção de maneira correta e como um “príncipe” [3] e não furtivamente, e como consequência deste novo ato tem renovada a aliança de Abraão dada por meio de seu pai Isaque (Gn 32.28-29; 27.28-29).

Após se reconciliar com seu irmão, Israel segue o seu próprio caminho e está pronto com as qualidades necessárias para ser o representante divino, mostrando assim o propósito de Deus em dar continuidade à aliança proposta a Abraão e ao Seu plano de abençoar todas as famílias da terra.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Deus tinha estabelecido um plano e ele estava em desenvolvimento, após o fracasso dos primeiros representantes. Deus elegeu Abraão e sua descendência, para serem seus novos representantes. Jacó faz parte da história dos patriarcas e é dele que futuramente surgiriam as doze tribos. Jacó não é perfeito, desde o início podemos ver isso, mas é através de sua jornada e experiências trágicas e amargas, que ele vai sendo moldado segundo o propósito divino. Deus intervém na história de Jacó e muda o rumo e conduz de maneira que ele pudesse receber a benção de Abraão e cumprir o seu propósito.

 

REFERÊNCIAS

BÍBLIA Sagrada. João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida: Barueri. 1995.

2 HULLINGER, Jerry M. Aula número 3: “Gênero 2: Narrativa”. Introdução à Hermenêutica. Caderno do Aluno – BIN500. Carolina do Norte, 2024.

3 BÍBLIA Sagrada. João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida: Barueri. 1995.

 
 
 

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